sábado, 5 de fevereiro de 2011

A Música na Missa

Por Lepoldo Galtieri

A música é parte atuante e vivificante da celebração do Mistério Pascal. Deve-se ter total zelo por essa arte sonora que nos acompanha em nossas celebrações eucarísticas, celebrações da palavra, grupos de oração, encontro de pastorais, enfim, está presente em tudo aquilo que constitui e aprimora a missão da Igreja que é a evangelização. Como diz a própria Sacrosanctum Concilium 112. “A tradição musical de toda a Igreja é um tesouro de inestimável valor, que se sobressai entre todas as outras expressões de arte, sobretudo porque o canto sagrado, intimamente unido com o texto, constitui parte necessária ou integrante da liturgia solene”. De todo esse tesouro iremos nos deter nesse momento, somente a música litúrgica: os cantos rituais e os que acompanham os ritos. Começaremos com a seguinte questão: Como zelar pela música da Missa? Em primeiro lugar, deve-se compreender que a missa é a pascoa que acontece em nosso dia a dia. Não é grupo de oração. Não é adoração ao Santíssimo Sacramento. Não é a celebração de 7º dia de algum familiar ou comemoração de quem passou no vestibular. A Missa é a Celebração do Mistério Pascal. É Cristo que se doa a cada Missa. É Cristo que morre e ressuscita toda vez que o ministro ordinário exerce sua função em sua plenitude. Para exercer qualquer função litúrgica de boa consciência do que se esta fazendo e vivendo é necessário que se entenda isso.
Entendido isso, passasse a compreender várias ações e funções litúrgicas, e começasse a ter noção da utilidade dos cantos executados na Missa. Ainda no parágrafo 112 do SC vemos que a “música sacra será tanto mais santa quanto mais intimamente estiver unida à ação litúrgica, quer como expressão mais suave da oração, quer favorecendo a unanimidade, quer, enfim, dando maior solenidade aos ritos sagrados.” Para não quebrarmos essa unanimidade e solenidade, é cabível a Conferência Episcopal, a função de nos fornecer os textos dos cantos que acompanham os ritos (Entrada, Ofertório e Comunhão) como consta no Instrução Geral sobre Missal Romano (IGMR) 390. Hoje aqui no Brasil temos o dito Hinário Litúrgico da CNBB para essa finalidade.
Já as partes fixas, como o próprio nome fala, são fixas. Imutáveis. Estas são: o Ato Penitencial, Glória, Santo e o Cordeiro de Deus. Cabe a nós obedecer aos textos que a Igreja utiliza a quase dois mil anos. Vamos tomar, por exemplo, deste, o Glória. Vejamos o que diz a IGMR 53: “O Glória, é um hino antiquíssimo e venerável, pelo qual a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro. O texto deste hino não pode ser substituído por outro. Entoado pelo sacerdote ou, se for o caso, pelo cantor ou o grupo de cantores, é cantado por toda a assembleia, ou pelo povo que o alterna com o grupo de cantores ou pelo próprio grupo de cantores. Se não for cantado, deve ser recitado por todos juntos ou por dois coros dialogando entre si. É cantado ou recitado aos domingos, exceto no tempo do Advento e da Quaresma, nas solenidades e festas e ainda em celebrações especiais mais solenes.” Quem sou eu para alterar o Glória? A igreja canta isso a dois milênios! Algumas pessoas acham que o Glória é uma mera canção em louvor do Pai, do Filho e do Espirito Santo. Não é! É um hino Cristológico (não trinitário como se pensa) que tem sua “letra” já definida há séculos. Tentam fazer alterações também no Santo (Sanctus), fazendo mudanças sem nenhum fundamento teológico. Substituindo o texto por coisinhas como: ele é nosso rei, ele é nosso pai, ao invés de “os Céus e a terra proclamam a vossa glória”. Nós não podemos! Não temos autoridade para modificar os textos das partes fixas. Nem as conferencias episcopais tem! Porque eu iria fazer isso? Porque a música tal é bonitinha ou porque toca os corações das pessoas?
A Missa é a celebração do Mistério Pascal. Repito isso quantas vezes precisar. Não é momento de se colocar musiquinhas sentimentalistas para tocar nos corações das pessoas e elas se emocionarem. A função da música na missa é de ser parte celebrante, instrumento para oração. As melodias compostas por compositores que entendam de liturgia dá um sentido de vivacidade a música! “Ah, mas eu gosto tanto daquela música que tocou meu coração naquele dia porque eu estava passando por tal dificuldade!” Reze com essa música então! Escuta ela em casa! Canta no encontro de casais, no grupo de jovens, no grupo de oração. A Missa tem suas músicas próprias e essas obedecem ao nosso Sagrado Magistério. Se você é católico, faça sua parte: Obedeça!
Para citar esse artigo:
BORGES, Leopoldo Galtieri Martins. A Música na Missa. In: <http://perecclesiaeunitate.blogspot.com/> 03.02.2011

Leopoldo Galtieri. tem 29 anos é licenciado em Música pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Especializando em Educação Musical pela Faculdade e Montenegro e em Liturgia pela Faculdade Católica do Cariri, Professor de Música da Rede Pública de Educação Básica, membro da Pastoral Litúrgica Diocesana, servo da RCC e co-editor deste blog.

2 comentários:

  1. Parabens Leopoldo, não poderia ter começado melhor, postagem muito boa.

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  2. Parabéns amor. Nada melhor que unir as coisas que vc mais gosta: Igreja e Musica. To muito orgulhosa de você!

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