domingo, 15 de novembro de 2009

A Imaculada Conceição

Por Fábio Valentim

 

Caríssimos irmãos,
Saudações em Cristo.

A virgem Mãe de Deus é "cheia de graça".

Et ingressus ad eam dixit: “Ave, gratia plena, Dominus tecum” (Lc I, XXVIII)

Deus por seu privilégio e objectivamente para a sua encarnação preservou Maria de toda a mancha do pecado, os pais da Igreja já testemunhavam essa verdade com fervor nos primeiros séculos do cristianismo, o grande teólogo Orígenes de Alexandria (185 — 253 d.C) disse:

"Esta Virgem Mãe do Unigênito de Deus chama-se Maria,
digna de Deus, imaculada das imaculadas, sem par"
(Homilia 1).

A minha intenção ao publicar este artigo é com objetividade esclarecer esta questão e solucionar as duvidas imposta pelos modernistas rebelados; gostaria ainda de dar continuidade as colocações patrísticas e expor as belas palavras de S.Agostinho de Hipona (354-430 d.C):

"Nem se deve tocar na palavra 'pecado' em se tratando de
Maria; e isto em respeito Àquele de quem mereceu ser a
Mãe, que a preservou de todo pecado por sua graça"
(Sermão 215,3).

"Não entregamos Maria ao diabo por condição original pois
afirmamos que sua própria condição original se anula pela
graça da redenção." (Contra Juliano 4).


Apesar de toda a clareza explicativa dada pelos Pais da Igreja - que possuem inclusive a autoridade magisterial para tal tarefa - os protestantes discordam destes ensinamentos, ao meu ver, esta atitude é tomada para minimizar a Virgem Maria e toda a graça (de Deus) recebida.

"Ave, cheia de Graça" (Lc 1,28), a saudação do anjo mostra muito bem a Graça que Deus concedeu á Virgem. Ser cheia de graça significa que a Virgem obtivera a graça que não existia, a graça perdida, a graça original, isto é, a Imaculada Conceição. A palavra em grego "Kecharitoménê" é colocada para designar a graça em plenitude, ou seja, a graça em sentido pleno. Permitam-me então declarar que o Arcanjo proclamou a Virgem da seguinte forma: Maria, sois imaculada, e por isto serás a mãe do Salvador. Quero lembrar que estas palavras foram pronunciadas antes da concepção pelo Espírito Santo, o que mostra que a graça foi dada a ela bem antes deste momento e que Deus está com Nossa Senhora antes da encarnação do Verbo. Onde está Deus não há pecado, ou seja, Maria não tinha o Pecado Original.

Nosso Senhor é o contrário do Pecado por definição. O Pecado é Seu inimigo, o Pecado é a ofensa feita a Ele. Assim, seria como misturar matéria e antimatéria, vírus e anticorpo, se Ele tivesse que ser colocado em um ventre marcado pelo Pecado Original. Ele não poderia ser nutrido por este corpo, Ele não poderia ter o Seu código genético originado deste corpo... a gravidez seria na verdade uma ilusão, pois Sua mãe não seria Sua mãe, sim Sua inimiga.

Certa vez me perguntaram o seguinte: "Fábio, qual é a sua explicação para Rm 5,12 onde Paulo diz que 'Todos pecaram'?"

É muito simples, deste que não sejamos tão superficiais com a exegese bíblica, a palavra usada para "todos" na versão original em grego, que é a linguagem utilizada por Paulo, é "paz". Tal termo, entretanto, não tem caráter exclusivista, que não admita exceção, mas tem o significado de "esmagadora maioria". Podemos ver na Bíblia outros exemplos em que a palavra "todos" é usada, mas claramente admitindo exceção:

"Pessoalmente estou convicto, irmãos, de que estais cheios de bondade e repletos de TODO conhecimento e em grau de vos poder admoestar mutuamente" (Romanos 15,14).

Neste texto, "todo" certamente não significa "sem exceção alguma". Se havia todo conhecimento, sem exceção, então os romanos teriam TODO o conhecimento de Deus!

Também já fui questionado sobre o cântico de Nossa Senhora: "A minha alma engrandece ao Senhor e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador" (Lc 1,46-47), segundo os protestantes, Maria reconhece que é pecadora, pois, somente um pecador é que precisa de salvador.

Quero deixar claro que não há duvidas quanto a isso, com certeza Jesus Cristo é o Salvador de Maria, Nossa Senhora é humana, portanto, filha de Adão e Eva como todos nós. No entanto, sua alma foi preservada da mácula do Pecado Original, isso é uma graça data pela seu Salvador. A problemática é temporal? Não conseguem entender como pode o termo salvatore meo ser aplicado no passado? Por exemplo, digamos que eu fui à praia semana passada e me afoguei no mar que estava violento, um bombeiro me salvou, posso dizer hoje que ele é meu salvador. Deus é o Salvador de Maria, pos ele a salvou da "morte". Como diz meu amigo e irmão em Cristo, Professor Carlos Ramalhete: "uma coisa é Deus salvar alguém que caiu em um buraco, outra coisa é Ele impedir que alguém caia no buraco. Nas duas proposições o Senhor é o Salvador, sendo que a segunda se aplica ao caso de Nossa Senhora."

A Bem-aventurada Virgem mãe de Deus foi santificada no seio materno, antes de nascer?

Sim, S. Tomás de Aquino refere-se de imediato ao fato de que a Igreja não celebraria a festa da Natividade da Bem-Aventurada Virgem se ela não fosse santa desde o nascimento. Portanto, se a Igreja celebra a festa de seu nascimento, significa que foi santa antes de nascer, ou seja, desde o seio materno [STh.III,q27,a.1,sed cont]. Ora, é plausível argumentar racionalmente favorável à santidade de Maria antes de nascer, se se considera o testemunho das Escrituras como, por exemplo, o do Evangelho de Lucas [1, 28], quando o anjo lhe diz: Salve, cheia de graças. Ora, se a outros foi concedido o privilégio da santificação no seio materno como, por exemplo, a Jeremias [1,5] e a João Batista [Lc 1,15], porque não àquela que gerou o Filho unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade [Jo 1,14]. Daí pode-se concluir que é razoável crer que a Bem-Aventurada Virgem Maria foi santificada no seio materno antes de nascer [STh.III,q27,a.1,c].

Foi santificada antes de ser-lhe infundida a alma?

A questão poderia também ser colocada deste modo:

Maria foi santificada antes de sua animação, isto é, antes que fosse criada e infundida sua alma racional?

Tomás de Aquino responde dizendo que Maria foi santificada só depois de sua animação, ou seja, depois da criação e da infusão de sua alma racional no corpo gerado. Por quê? Porque a santificação significa, neste contexto, a purificação do pecado original. Mas a culpa do pecado original só pode ser purificada pela graça. Ora, o sujeito da graça é exclusivamente a alma racional. Portanto, ele conclui que Maria não foi santificada antes que lhe tenha sido infundida a alma racional, senão só depois de recebê-la [STh.III,q27,a.2,c]. Além do mais, se Maria tivesse sido santificada antes de receber a alma racional, ela não teria incorrido nunca na mancha do pecado original e, como consequência, não teria tido necessidade da redenção e da salvação trazidas por Cristo, além de não convir que Cristo fosse o salvador de todos os homens, como se diz na Primeira carta a Timóteo [STh.III,q27,a2,c].

A Imaculada e o seu "sim".

Quero abordar no final deste artigo uma questão que talvez lhe passe despercebida, mas que - acredito eu - futuramente tomará forças em seus estudos em mariologia, o SIM de Maria foi automático por ela ser imaculada?

Nessa questão primeiramente devemos lembrar que Maria é criatura, logo, assim como Adão e Eva, ela possui a liberdade que Deus concede a suas criaturas. E Deus deu-lhes também como suporte a essa liberdade, as potências da alma (inteligência e vontade), com a inteligência, o ser racional (pessoa) entre dois bens, entende qual é o maior e qual é o menor. A partir daí, a vontade escolhe o bem que a inteligência lhe indicou. É mais ou menos assim que ocorre nossas escolhas. Então, como somos criaturas e, por isso mesmo, imperfeitas, nossa inteligência nem sempre percebe infalivelmente o bem conhecido.

Quando isso ocorre, nossa vontade escolhe erradamente; e isso é o pecado.

Foi assim que Adão e Eva pecaram e assim também poderia acontecer com Maria.

Vale notar que conosco é um pouco diferente porque nós temos as conseqüências do pecado original. Aí podemos errar na escolha não por simples erro da inteligência, mas por indução da concupiscência, por exemplo.

Salve Maria!

Fábio Valentim é estudante do cristianismo, cristão católico, músico contrabaixista, gosta muito de musica,  toca violão, guitarra, Baixo, Bateria e outros instrumentos de percussão...

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